Biomaterial Sintético vs Xenógeno
ENXERTOS ÓSSEOS COM BIOMATERIAL SINTÉTICO VS XENÓGENO NAS ELEVAÇÕES DOS SEIOS MAXILARES (SINUS LIFT) Autores: Hiram Fischer Trindade MD, M.Sc; Carlos Alberto Batista MD M.Sc (in memorian); Anthony Farssoun MD; Jossef Farssoun MD e Mila Lima Corrêa Trindade MD, M.Sc. Resumo O objetivo desse estudo é comparar as respostas biológicas e histológicas em dois tipos de biomateriais com origens distintas e que são dos mais utilizados na atualidade. Foram escolhidos para este estudo dois biomateriais com origens diferentes (xenógeno vs sintético). A escolha da região comparativa dos enxertos foi o seio maxilar devido a ausência de tecido ósseo medular, com irrigação exclusivamente pelo periosteo na porção inferior e pela membrana de Schneider na superior circundante. A pouca vascularização nesta região representa um importante fator de limitação para a angiogênese e consequente formação de um osso neoformado com volume suficiente que seja capaz de suportar as cargas mastigatórias transmitidas pelos implantes e consequente remodelação. Introdução O avanço das técnicas cirúrgicas na Medicina Dentária revolucionaram os planeamentos e abordagens das reabilitações orais. Entretanto, defeitos estruturais no arcabouço ósseo podem impossibilitar a instalação de implantes dentários em sítios adequados. Uma condição fundamental para a colocação de implantes é a quantidade e qualidade de osso remanescente (Raja S. 2009). As atrofias ósseas nos maxilares normalmente são ocasionadas por perda dentárias, infeções, traumas, resseções tumorais e/ou por anomalias de desenvolvimento (Felice et al. 2009). A parte posterior da maxila apresenta-se como um desafio, quando comparada a outras áreas da cavidade oral, devido a presença do seio maxilar (Raja S. 2009). A atrofia do rebordo alveolar residual é responsável pelas dimensões reduzidas do osso alveolar. Fatores como a pneumatização do seio maxilar e ausência de estímulos limitam a instalação de implantes dentários nesta área (Misch 1987; Smiler and Holmes 1987; Wood and Moore 1988). A pobre qualidade óssea encontrada nesta região, geralmente com cortical fina e de trabeculado pouco denso, é mais um factor que contribui significativamente para uma maior taxa de insucesso dos implantes aí colocados (Fugazzotto and Vlassis 1998). A literatura oferece inúmeros biomateriais que podem ser utilizados nas reconstruções de defeitos ósseos maxilo-mandibulares, entre autógenos, xenógenos, homógenos, heterógenos e aloplásticos (Albert et al. 2006, Betega et al. 2009, Esposito, 2009, Viscioni et al. 2009, Chiapasco, 2013). Para tanto, tais materiais utilizados em enxertos ósseos devem apresentar características físicas de adaptação e imobilização, químicas e biológicas, como a osteoindução, a osteocondução e osteopromoção (Felice et al. 2009). Dentro dessa realidade, o osso autógeno é considerado “Padrão Ouro” por reunir a maioria dessas características necessárias (Aalam et al. 2009, De riu et al. 2007, Felice et al. 2009). No entanto a sua remoção necessita de uma segunda cirurgia, oferece riscos de morbidade e parestesia (Aalam et al. 2009), maior tempo cirúrgico (Benetton et al. 2007), maior sangramento, morbidade, quantidade disponível reduzida (Fontana et al. 2008, Viscioni et al. 2009), além da perda de volume resultante do pouco estímulo da região. O objetivo desse estudo é comparar por meio de cortes histológicos, o comportamento da neoformação óssea levando em consideração dois diferentes tipos de biomateriais numa região em que a vascularização é precária. Foram eleitos dois biomateriais com diferentes origens, sendo Bio-oss®, o biomaterial de origem xenógena (bovina) mais comercializado mundialmente, formado por granulo sólidos e com porosidade na superfície e o Adbone®TCP, de origem sintética e constituido por 99.9% de beta tricálcio fosfato (β-TCP), com elevada porosidade interconectiva (80%) e resistência mecânica. Os autores deste artigo consideram que estas caracteríticas individuais muito distintas são relevantes nas respostas biológicas durante o processo de formação de um novo osso e que estão diretamente relacionados com a qualidade e a velocidade na osteogênese. Método O estudo foi realizado com base em artigos publicados no Pubmed, site oficial da Geistlich e relato de caso realizado pelos autores em ambiente ambulatorial descrito. Foram escolhidos para esta pesquisa dois biomateriais com origens diferentes e que estivessem inseridos numa mesma condição biológica com o objetivo de comparar as respostas a nível histológico em situações semelhantes. Biomaterial 1: Bio-oss®, de origem xenógena (bovina) e fabricado pela Geistlich (Suiça). Biomaterial mais utilizado no mundo com 25 anos de comercialização. Biomaterial 2: Adbone®TCP, constituido por cerâmica sintética composta de 99.9% beta tricalcium phosphate (β-TCP). Fabricante Medbone Medical Devices (Portugal). Relato de caso Paciente J.M, gênero feminino, fumadora, procurou por atendimento queixando-se de ausências dentárias na região superior posterior direita. No exame clinico foi constatada ausência de dois elementos dentários referentes aos 14 e 15 e, através de analise da Tomografia Computadorizada (TAC), uma atrofia do rebordo alveolar em altura, espessura e um quadro de pneumatização do seio maxilar na região do 15, impossibilitando a instalação de implante (Figura 1). Para regeneração óssea na região optou-se pela técnica de elevação de seio maxilar com acesso pela parede lateral (Técnica de Caldwell Luc) e utilização de 1 grama de enxerto Adbone®TCP de grânulos 0.5 – 1mm associado a Plasma Rico em Fibrina – PRF para futura instalação dos implantes. Figura 1 Figura 2 Decorridos 6 meses de maturação do enxerto, foi realizado uma segunda TAC na qual se pode observar um aumento ósseo significativo no seio maxilar na região do 15 (Figura 2). Na região do 14, foi instalado implante com condensação óssea no preparo cirúrgico onde a densidade táctil era compatível com osso DIII (Misch,2001)(Figura 3). O implante 15 foi todo instalado em osso regenerado (zona de enxerto) e, na instrumentação do alvéolo cirúrgico (figura 4), encontrou-se resistência à perfuração exclusivamente com brocas do sistema cirúrgico com sensação táctil de osso DI (Misch 2001) na cortical da crista e novamente na região enxertada. Figura 3 Figura 4 Passados mais 5 meses foi realizada uma nova intervenção cirúrgica para reabertura dos implantes. No mesmo ato cirúrgico (11 meses após a intervenção inicial), foi removido da zona enxertada para análise histológica, por meio de brocas trefina, um cilindro do osso regenerado. Ao descolar o retalho foi observado um sangramento significativo, oriundo da área enxertada por vestibular, bem como uma total incorporação dos grânulos … Continued