CURSO DE IMPLANTOLOGIA E REABILITAÇÂO ORAL
European Implantology Center
Centro Europeu de Pós Graduação – Medicina Dentária
FACTORES DE RISCO E COMPLICAÇÕES EM IMPLANTOLOGIA
Indice
Introdução. 3
Factores de Risco. 4
Factores de Risco Gerais. 4
Factores de Risco Estéticos. 21
Factores de Risco Biomecânicos. 28
Complicações. 41
Conclusão. 47
Bibliografia. 48
Introdução
Em todos os procedimentos clínicos que interferem com o corpo humano está presente um elemento de risco. O tratamento com implantes dentários evoluiu bastante nos últimos anos, tornando-se uma solução de reabilitação a que o médico dentista recorre com frequência. Contudo, os seus potenciais benefícios e as altas taxas de sucesso levaram a que o procedimento fosse muitas vezes utilizado incorrectamente, com consequências indesejáveis.
O tratamento não deve ser baseado na esperança, que seja do paciente quer do médico dentista, mas sim em informação precisa, conhecimento dos problemas do paciente, reconhecimento de alternativas de tratamento viáveis, e selecção do melhor meio de tratamento do edentulismo do paciente.
Por outro lado, o tratamento com implantes dentários pode ser um processo bastante complexo no que toca ao planeamento, execução e resolução dos problemas subsequentes. Apesar das altas taxas de sucesso da técnica, as complicações existem e é preferível preveni- las conhecendo os factores de risco inerentes a cada caso, do que resolvê-las no fim de instaladas.
Com o presente trabalho pretende-se, numa primeira parte, abordar os principais factores de risco inerentes à colocação de implantes, enumerando-os e descrevendo-os. Numa segunda parte, de uma maneira mais resumida, encontraremos as complicações que podem decorrer de uma cirurgia de implantes.
FACTORES DE RISCO
Factores de Risco Gerais
História Clínica
O objectivo da história clínica do paciente é descobrir se há alguma contra-indicação absoluta ou relativa, antes de começar a reabilitação oral com implantes.
Exame Geral
Saúde Geral
Contra-indicaçoes médicas absolutas para a realização de implantes são raras. O risco de infecção num implante osteointegrado é muito baixo. No entanto, uma cirurgia de implantes apresenta as mesmas contra-indicaçoes de qualquer cirurgia óssea, sendo necessário ter em atenção as patologias do paciente.
Pacientes com patologias gerais tais como diabetes e anemia, devem ser tratados por uma equipa de médicos bem treinada e ciente dos riscos que correm, sob condiçoes que respeitem o protocolo cirúrgico e acima de tudo a assepsia. Notoriamente, o tabaco aumenta em 10% o risco de falha de um implante e é contra-indicação para regeneração óssea e enxerto ósseo.
Idade
A idade é contra-indlcação para pacientes jovens que ainda não termlnaram o crescimento. Assim, só por volta dos 16 anos para as mulheres e dos 18 anos para os homens é que é possível colocar implantes. Caso contrario, uma vez que o implante não tem processo alveolar, não vai acompanhar o crescimento da maxila e da mandíbula e dos dentes vizinhos, resultando numa falha estética e funcional indesej ável.
Não há uma idade llmite que contra-indique a colocação de implantes, no entanto sabe-se que pacientes mais velhos poderão ter patologias gerais impeditivas da reabilitação por implantes.
Motivaçăo do paciente
A informaçăo existente para o paciente nos meios de comunicaçăo como revistas e televisäo poderăo iludir o paciente em relaçăo a resultados estéticos que poderăo näo ser possíveis de obter através da colocaçăo de implantes. Muîtas vezes os implantes estão associados a uma ideia de tratamento estético. É necessário ter em atençäo as expectatlvas do paciente e informá-lo acerca do que pode esperar do tratamento, evitando assim exigęncias estéticas irrealistas.
Quanto mais altas forem as expectativas em relaçăo ao tratamento mais estreito se torna o compromisso do paciente durante o tratamento para que seja cooperante e esteja ciente das dificuldades, limitaçöes e duraçăo do tratamento.
Disponibilidade
A disponibilidade do paciente é também um factor importante a avaliar antes da realização de certos tratamentos. Este factor é muitas vezes menosprezado mas se o paciente for sujeito, por exemplo, a uma regeneração óssea guiada, é necessário a cada 3 semanas verificar se a membrana não está exposta.
Assim, para pacientes que estão sempre ocupados e indisponlveis para se deslocar ao consultório durante os meses de cicatrização, este tipo de tratamento está contra-indicado.
Etiologia do Edentulismo
Muitos pacientes chegam ao consultório com espaços edçntulos para colocação de implantes sem que o médico dentista conheça a história clínica que levou ao desaparecimento
das peças dentárias. No entanto, a etilogia do edentulismo é um factor importantíssimo e nào pode ser descurado.
Se a causa de perda dentária for cárie, acidente ou trauma, o risco inerente í colocação de implantes será muito reduzido.
Se a causa for doença periodontal é necessário eliminar os factores etiológicos da doença antes de partir para a colocação de implantes. Alguns pacientes são considerados de risco moderado ou reduzido e presença de doença periodontal pode não influenciar o processo de osteointegração do Implante.
No entanto, a bactéria patogénica presente nas bolsas periodontais em volta do dente pode infectar o tecido peri-implantar e levando a mucosite (inflamação do tecido mole em volta do implante) ou periimplantite (infecção e perda óssea em redor do implante).
Se o edentulismo provir de um desarranjo oclusal severo ou bruxismo, o risco de falha é bastante elevado.r
O tratamento através de implantes em pacientes destes não deve ser proposto, a nào ser que possam ser colocados implantes suficientes para distribuir as fortes cargas oclusais.
Exame Intraoral
Abertura Bucal
A primeira coisa a fazer antes do exame intraoral é examinar a abertura bucal. A largura de 3 dedos corresponde a aproximadamente 45 mm, o que se pode considerar uma abertura ideal.
Se a largura for de dois dedos ou inferior, não é contra-indicado o tratamento por implantes na zona posterior.
Higiene
A avaliação da higiene oral do paciente não é importante para o tratamento por implantes por si só. No entanto, é necessário ter atenção aos pacientes que perderam os seus dentes há muito tempo. Este tipo de pacientes muitas vezes já esqueceu técnicas de escovagem e de boa higienização dentária. Assim, deve ter-se o cuidado de reeducar os
hábitos de higiene do paciente proposto para implantes. Muitas vezes pode ser necessário adoptar so1uçoes mais simples no plano de tratamento, tais como uma sobre dentadura mesmo que haja um volume ósseo considerável.
Presença de lesões
A presença de qualquer infecção aguda é uma contra-indicação temporária mas absoluta para a colocação de um implante. A cirurgia de implantes não deve ser realizada até que a lesão seja tratada e esteja completamente curada. O médico dentista deve ter cuidado em pacientes com lesoes na mucosa. Uma consulta com o dermatologista pode ser necessária.
Palpação intraoral
A palpação intra-oral deve ser usada para avallar o seguinte:
A espessura da crista mesmo que a medição seja imprecisa detectam-se muitas vezes bordos afilados como lâmina de faca, nos quais pode ser necessário fazer expansão óssea para colocar os implantes.
A profundidade do vestíbulo—um vestíbulo curto normalmente é devido a uma grande reabsorção óssea. Uma redução progressiva no crista óssea leva a uma diminuição na profundidade do vestíbulo, o que representa um rlsco para a saúde do tecido peri-implantar. Devido r ligação do músculo bucinador, um enxerto gengival nesta zona nem sempre é possível. Nestas situaçoes a estética pode ficar comprometida e a higiene pode ser problemática para o paciente.
Uma prótese com pilares mais altos pode ser uma boa solução em casos de pouca altura do vestíbulo.
Concavidade vestibular perto do sítio do implante — quando há uma concavidade na zona estética pode ser necessário fazer enxerto ósseo para colocar o implante, uma vez que o implante deve ser colocado respeitando o eixo de inserção da coroa.
Parede do seio maxilar — a parede do seio complica muitas vezes a colocação de implantes na zona dos pré-molares.
Relação inter-arcos
Discrepâncias anteroposteriores ou laterais nas re1açoes maxilomandibulares podem levar a riscos protéticos. Biomecanicamente esta situação pode ser perigosa, principalmente se for combinada com outros factores de risco funcionais como bruxismo, por exemplo.
Relações oclusais desfavoráveis como as observadas nas figuras acima, representam um factor de risco funcional para a colocação de implantes.
Perda óssea vertical
da óssea verticalFrequentemente, a perda de um dente é seguida de uma perda óssea que pode ser ligeira ou significativa.
É necessário avaliar a discrepância entre o nlvel ósseo no local do implante e o nível ósseo do dente adjacente. Uma grande diferença representa um risco para a saúde e estética tanto para tecido periodontal como para o tecido peri-implantar.
Perante uma situação destas, o médico deve considerar uma reconstrução da crista com regeneração óssea ou enxerto, antes da colocação do implante.
Espaço entre a crista óssea e o dente oponente
A altura vertical entre a crista óssea e o dente oponente define a altura máxima da coroa do implante a reallzar. Se os dentes oponentes tiverem extruidos será de ponderar fazer intrusão ortodôntlca ou coroas para corrigir o plano oclusal antes da colocação do implante.
Distância inter-arco em abertura máxima
O acesso ao local do implante deve ser avaliado, mesmo que o paciente tenha uma boa abertura bucal. Um dente sobreeurupcionado pode lnterferir com os instrumentos e brocas de trabalho para a colocação de um implante. Pode ser necessário corrigir o plano oclusal antes de colocar o implante, para não correr o risco de uma má posição implantar, como se pode observar na figura.
Distância mesiodistal
É necessário avaliar a distancia mesiodistal entre dentes para colocar um implante. É necessário haver uma distancia entre implantes de pelo menos 7mm (centro a centro), entre a parede mesial do dente e a distal do implante devem haver pelo menos 3 mm para haver vascularização óssea.
Exame Radiográfico
Nas primeiras consultas, uma radiografia retroalveolar ou uma ortopantomografia é suficiente para avaliar a possibilidade de colocar implante.
O estudo destas radiografias serve para:
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Verificar a possibilidade de colocar um implante pela observação da altura óssea, especialmente na zona do nervo alveolar inferior e do seio maxilar. Se a altura parecer ser suficiente é necessário fazer um TAC para ter a certeza da altura com maior precisão;
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Determinar os riscos inerentes a uma reabsorção óssea vertical;
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Pesquisar problemas ósseos:
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Todas as infecçdes agudas devem ser tratadas antes de colocar os implantes
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Lesoes crónicas (granuloma periapical) próximas da zona onde se pretende colocar o implante
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