Diabetes e sua Relação com a Medicina Dentária: Uma Revisão de Literatura

Diabetes e sua Relação com a Medicina Dentária: Uma Revisão de Literatura Dr. Hiram Fischer Trindade – OMD 2764 Introdução O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracteriza-se por hiperglicemia persistente resultante de defeitos na secreção ou ação da insulina, e é classificado principalmente em dois tipos: diabetes tipo 1 (DM1) e diabetes tipo 2 (DM2) (American Diabetes Association, 2022). O impacto sistêmico do diabetes é significativo, e suas complicações afetam diversos órgãos e sistemas, incluindo o sistema cardiovascular, renal e ocular. No entanto, um aspecto menos discutido, mas igualmente importante, é a relação entre o diabetes e a saúde bucal. A medicina dentária desempenha um papel fundamental no cuidado das pessoas com diabetes, pois há uma relação bidirecional entre diabetes e doenças periodontais (Mealey & Ocampo, 2021). As complicações orais decorrentes do diabetes incluem aumento da incidência de cáries dentárias, xerostomia, infecções fúngicas, atraso na cicatrização de feridas e, principalmente, doença periodontal (Chapple & Genco, 2020). Este artigo tem como objetivo revisar as evidências científicas atuais sobre a interação entre diabetes e medicina dentária, destacando as principais complicações orais associadas ao diabetes, os mecanismos subjacentes e as recomendações clínicas para o manejo odontológico de pacientes com diabetes. Diabetes e a Doença Periodontal Evidências Clínicas Uma das principais interações entre diabetes e saúde bucal é a forte associação entre o diabetes e a doença periodontal. A doença periodontal é uma inflamação crônica dos tecidos que sustentam os dentes, levando à destruição dos tecidos periodontais e, em casos mais avançados, à perda dental. Vários estudos demonstram que pacientes com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver doença periodontal (Löe, 1993; Preshaw et al., 2012). Além disso, a gravidade da doença periodontal tende a ser maior em pessoas com controle glicêmico inadequado. Pessoas com diabetes têm uma prevalência duas a três vezes maior de periodontite em comparação com indivíduos não diabéticos (Chapple & Genco, 2020). Em particular, os pacientes com DM2 apresentam risco elevado de doença periodontal severa, uma complicação que pode resultar em perda dentária precoce. Esse risco é maior em indivíduos que apresentam um controle glicêmico pobre, refletido em níveis elevados de hemoglobina glicada (HbA1c). Mecanismos Patológicos Os mecanismos pelos quais o diabetes contribui para a doença periodontal são multifatoriais. A hiperglicemia crônica resulta em alterações no metabolismo e na resposta imune, promovendo um ambiente inflamatório nos tecidos periodontais. Um dos principais mecanismos é a formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs), que se acumulam nos tecidos e aumentam a produção de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) (Schmidt et al., 1996). Essas citocinas exacerbam a inflamação periodontal e levam à destruição dos tecidos periodontais. Além disso, o diabetes compromete a função dos neutrófilos e a resposta imune inata, prejudicando a capacidade do corpo de combater infecções periodontais (Mealey & Ocampo, 2021). A função prejudicada dos fibroblastos também contribui para a cicatrização retardada das feridas periodontais, agravando ainda mais a progressão da doença periodontal. Impacto da Doença Periodontal no Controle Glicêmico A relação entre diabetes e doença periodontal não é unilateral. Evidências sugerem que a doença periodontal pode exacerbar o controle glicêmico em pessoas com diabetes (Taylor et al., 2005). A inflamação periodontal crônica aumenta a resistência à insulina, dificultando o controle da glicemia. Estudos clínicos indicam que o tratamento da doença periodontal pode melhorar modestamente o controle glicêmico, reduzindo os níveis de HbA1c em aproximadamente 0,4% (D’Aiuto et al., 2018). Esse efeito benéfico reforça a importância de integrar o manejo da saúde bucal nos cuidados de rotina para pacientes com diabetes. Outras Complicações Orais Associadas ao Diabetes Xerostomia A xerostomia, ou boca seca, é uma condição comum em pacientes diabéticos, particularmente naqueles com controle glicêmico inadequado (Moore et al., 2001). A redução na produção de saliva pode ser causada tanto pela neuropatia autonômica, uma complicação do diabetes, quanto pelo uso de medicamentos antidiabéticos que afetam a função das glândulas salivares. A saliva desempenha um papel essencial na manutenção da saúde bucal, pois possui propriedades antimicrobianas e auxilia na remoção de detritos alimentares e na neutralização de ácidos. Assim, a xerostomia aumenta o risco de cáries dentárias e infecções fúngicas, como candidíase oral (Saini et al., 2010). Cáries Dentárias Embora a associação entre diabetes e cárie dentária seja menos estabelecida do que com a doença periodontal, o risco de cáries pode ser aumentado em pacientes com diabetes devido à xerostomia e ao aumento da glicose salivar (Collin et al., 1998). A saliva com níveis elevados de glicose pode promover o crescimento de bactérias cariogênicas, como Streptococcus mutans, levando a uma maior incidência de cáries. Além disso, o desequilíbrio no fluxo salivar agrava o risco de desenvolvimento de cáries. Candidíase Oral O diabetes também está associado a um risco aumentado de infecções fúngicas, especialmente a candidíase oral. A candidíase é causada pelo crescimento excessivo de fungos do gênero Candida, que são comensais normais da cavidade oral. Pacientes diabéticos, especialmente aqueles com mau controle glicêmico, apresentam uma maior predisposição a infecções por Candida devido à hiperglicemia e à função imunológica comprometida (Scully et al., 2008). A candidíase oral pode se manifestar como placas brancas na mucosa oral, lesões eritematosas ou sensação de queimação. Atraso na Cicatrização de Feridas O atraso na cicatrização de feridas é uma complicação bem conhecida do diabetes, e isso se estende às feridas orais. Pacientes diabéticos podem apresentar cicatrização retardada após procedimentos cirúrgicos, como extrações dentárias e cirurgias periodontais (Mealey & Ocampo, 2021). A hiperglicemia prejudica a função dos fibroblastos, a formação de colágeno e a angiogênese, processos essenciais para a cicatrização normal das feridas. Isso aumenta o risco de infecções pós-operatórias e complicações durante a cicatrização. Recomendações Clínicas para o Manejo de Pacientes com Diabetes O manejo odontológico de pacientes diabéticos exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo tanto o dentista quanto o médico responsável pelo controle do diabetes. A seguir estão algumas recomendações baseadas em evidências para o tratamento odontológico de pacientes com diabetes. Avaliação do Controle Glicêmico Antes de … Continued

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Odontopediatria: Uma Abordagem Integral à Saúde Bucal Infantil

Odontopediatria: Uma Abordagem Integral à Saúde Bucal Infantil Dr. Hiram Fischer Trindade – OMD 2764 Resumo A odontopediatria é uma especialidade Médico Dentária focada na saúde bucal de bebês, crianças e adolescentes. A atenção odontológica nessa fase é crucial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis e para a prevenção de doenças que podem afetar a dentição permanente e a saúde geral. Este artigo explora as principais áreas de atuação da odontopediatria, incluindo a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças bucais em crianças, o controle da ansiedade durante os tratamentos e o impacto dos cuidados precoces na saúde oral a longo prazo. Também são discutidos os avanços científicos, as práticas baseadas em evidências e o papel fundamental do odontopediatra na educação dos pais e cuidadores sobre a importância da higiene oral. Introdução A saúde bucal desempenha um papel fundamental no bem-estar geral, especialmente em crianças, cujas estruturas dentárias e orais ainda estão em desenvolvimento. A odontopediatria oferece cuidados odontológicos especializados para essa população, que requer abordagens adaptadas às suas necessidades físicas e emocionais. Crianças têm uma fisiologia distinta em comparação com adultos, e suas demandas psicossociais e emocionais tornam essencial que o tratamento seja conduzido com uma abordagem sensível e adaptada. Além de tratar problemas como cárie dentária e maloclusão, os odontopediatras têm o papel de prevenir doenças, educar sobre hábitos saudáveis e orientar os pais sobre a importância de intervenções precoces. Assim, este artigo analisa a importância da odontopediatria no cuidado infantil e a relevância de uma abordagem integral para garantir uma saúde bucal duradoura. A Importância da Odontopediatria no Desenvolvimento Infantil A odontopediatria é fundamental não apenas para tratar problemas odontológicos na infância, mas também para prevenir o surgimento de doenças e para o estabelecimento de hábitos de higiene bucal que irão impactar a vida adulta. O ambiente odontológico pode ser intimidador para crianças, e os odontopediatras são treinados para lidar com esses aspectos emocionais, o que permite a criação de uma relação de confiança entre a criança e o profissional. O desenvolvimento da dentição de leite (decídua) é de extrema importância, pois ela atua como guia para os dentes permanentes e é crucial para o desenvolvimento da fala, mastigação adequada e estética facial. Além disso, a saúde bucal precária pode influenciar negativamente a saúde sistêmica da criança, causando dificuldades alimentares e impactando o crescimento e desenvolvimento normais. Um dos objetivos centrais da odontopediatria é a prevenção de doenças bucais por meio da educação, tanto das crianças quanto dos pais. Orientações sobre higiene oral adequada, alimentação equilibrada e a importância das visitas regulares ao dentista são pilares na promoção de uma saúde bucal infantil robusta. Principais Condições Tratadas na Odontopediatria 1. Cárie na Primeira Infância A cárie dentária é a doença crônica mais comum em crianças pequenas. A cárie na primeira infância (CPI) é um problema sério que afeta dentes decíduos e pode ter consequências a longo prazo para a dentição permanente. A CPI é caracterizada pela desmineralização do esmalte causada por ácidos produzidos por bactérias na presença de carboidratos fermentáveis. Um dos principais fatores de risco é a alimentação inadequada, como o uso prolongado de mamadeiras com líquidos açucarados e a amamentação noturna prolongada sem higienização oral adequada. A prevenção da CPI envolve a educação dos pais sobre a dieta apropriada, evitando alimentos açucarados e incentivando uma rotina de higiene oral desde os primeiros meses de vida. Além disso, a aplicação de flúor tópico, selantes dentários e orientações sobre escovação e uso de fio dental são medidas fundamentais. 2. Maloclusões As maloclusões, ou desalinhamentos dos dentes e ossos maxilares, são outro problema tratado pela odontopediatria. Elas podem ser causadas por fatores genéticos, hábitos orais prejudiciais (como chupar o dedo ou uso prolongado de chupetas) e pelo desenvolvimento inadequado dos ossos faciais. A intervenção precoce é crucial para prevenir problemas mais graves no futuro e para promover um alinhamento correto dos dentes permanentes. Os odontopediatras utilizam aparelhos ortodônticos interceptivos para corrigir problemas esqueléticos e dentários nas fases iniciais, proporcionando uma correção mais eficaz e menos invasiva do que em adultos. Além disso, a orientação para a eliminação de hábitos nocivos à oclusão é uma parte importante do tratamento. 3. Traumas Dentários As crianças estão mais suscetíveis a traumas dentários devido às suas atividades recreativas e à falta de coordenação motora plena. Traumas dentários podem resultar em fraturas, deslocamentos e até mesmo perda de dentes decíduos ou permanentes. O manejo adequado e rápido do trauma é essencial para a preservação dos dentes e para evitar complicações futuras. A odontopediatria tem um papel crucial na orientação dos pais sobre como proceder em casos de trauma, desde o transporte adequado de dentes avulsionados até a importância de uma consulta imediata. Dependendo da gravidade do trauma, pode ser necessário realizar tratamentos endodônticos, restaurações ou procedimentos de reimplante. 4. Doenças Periodontais na Infância As doenças periodontais, embora mais prevalentes em adultos, também podem afetar crianças, especialmente aquelas com condições sistêmicas subjacentes, como diabetes ou doenças imunológicas. A gengivite, a forma mais comum de doença periodontal na infância, pode progredir para formas mais severas se não tratada. A prevenção envolve a educação sobre higiene oral e a remoção regular de placa bacteriana por meio de visitas ao dentista. Em casos mais avançados, pode ser necessário realizar intervenções cirúrgicas ou terapias antimicrobianas para controlar a doença. Controle de Ansiedade e Comportamento em Odontopediatria Um dos maiores desafios na odontopediatria é o controle do medo e da ansiedade que muitas crianças associam ao tratamento odontológico. A abordagem comportamental utilizada pelo odontopediatra é essencial para garantir que a criança se sinta segura e confortável durante o tratamento. Técnicas como a dessensibilização, o condicionamento positivo e a distração são comumente utilizadas para minimizar a ansiedade. Além disso, o uso da sedação consciente com óxido nitroso e oxigênio é uma ferramenta eficaz e segura para pacientes mais ansiosos ou que necessitam de tratamentos mais longos ou complexos. O relacionamento de confiança estabelecido entre o odontopediatra, a criança e os pais é crucial para o sucesso do tratamento. Um ambiente … Continued

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A importância do uso do PRF nas cirurgias dentárias

A importância do uso do PRF nas cirurgias dentárias Dr. Hiram Fischer Trindade – OMD 2764 Resumo A utilização de biomateriais nas cirurgias dentárias tem evoluído significativamente nos últimos anos, com destaque para a fibrina rica em plaquetas (PRF – Platelet-Rich Fibrin). O PRF é um concentrado de plaquetas autógeno que contém uma variedade de fatores de crescimento capazes de promover a regeneração óssea e tecidual. Sua aplicação em cirurgias dentárias, como enxertos ósseos, elevações de seio maxilar e implantes dentários, tem demonstrado eficácia na aceleração do processo de cicatrização e na melhoria da qualidade dos resultados cirúrgicos. Este artigo discute a importância do uso de PRF nas cirurgias dentárias, abordando sua composição, mecanismos de ação, benefícios clínicos e revisando a literatura científica atual sobre sua aplicação. A análise sugere que o PRF, quando adequadamente utilizado, pode melhorar significativamente os resultados clínicos em cirurgias dentárias, tornando-se uma ferramenta indispensável no arsenal do cirurgião-dentista. Introdução A cicatrização adequada dos tecidos moles e duros é um fator determinante para o sucesso de muitas intervenções odontológicas. Técnicas convencionais de regeneração óssea guiada e de enxertos ósseos vêm sendo utilizadas com sucesso, porém os avanços na biotecnologia proporcionaram o desenvolvimento de novos biomateriais que podem acelerar e melhorar o processo de cicatrização. Entre esses biomateriais, o PRF (fibrina rica em plaquetas) tem ganhado destaque nas últimas duas décadas. O PRF é um concentrado de plaquetas autógeno que se diferencia de outros concentrados plaquetários, como o PRP (plasma rico em plaquetas), pela ausência de aditivos bioquímicos para sua preparação. A utilização do PRF tem sido proposta como uma alternativa eficaz em diversas cirurgias dentárias devido à sua capacidade de liberar gradualmente fatores de crescimento que estimulam a regeneração óssea e tecidual. Além disso, o PRF apresenta propriedades antimicrobianas, o que contribui para a redução do risco de infecções pós-operatórias. Sua fácil obtenção e biocompatibilidade o tornam uma excelente opção para procedimentos regenerativos, promovendo uma cicatrização mais rápida e de melhor qualidade. O objetivo deste artigo é discutir a importância do PRF nas cirurgias dentárias, revisando suas propriedades, aplicações clínicas, mecanismos de ação e resultados documentados na literatura científica. Composição e Mecanismos de Ação do PRF O PRF é obtido através da centrifugação do sangue total do paciente sem o uso de anticoagulantes. O processo de centrifugação resulta na formação de três camadas: uma camada de hemácias na parte inferior, uma camada de plasma pobre em plaquetas na parte superior e, entre elas, a camada de PRF, que consiste em fibrina rica em plaquetas e leucócitos. Este material possui uma matriz de fibrina tridimensional que aprisiona plaquetas e leucócitos, permitindo a liberação lenta de fatores de crescimento, como o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), fator de crescimento transformador beta (TGF-β) e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). Os fatores de crescimento presentes no PRF desempenham papéis fundamentais na regeneração tecidual. O PDGF, por exemplo, é um potente estimulador da migração de fibroblastos e outras células envolvidas no processo de cicatrização, enquanto o TGF-β promove a diferenciação celular e a deposição de matriz extracelular. O VEGF, por sua vez, estimula a angiogênese, que é crucial para a formação de novos vasos sanguíneos no local da lesão, garantindo um adequado suprimento de oxigênio e nutrientes para os tecidos em cicatrização. Além disso, a presença de leucócitos no PRF confere propriedades antimicrobianas ao biomaterial, ajudando a combater infecções no local cirúrgico. Essa combinação de fatores de crescimento, matriz de fibrina e leucócitos faz do PRF um material altamente eficaz para promover a regeneração óssea e tecidual em cirurgias dentárias. Aplicações Clínicas do PRF nas Cirurgias Dentárias O PRF tem sido utilizado com sucesso em uma ampla gama de procedimentos cirúrgicos na odontologia, incluindo enxertos ósseos, elevações de seio maxilar, implantes dentários e procedimentos periodontais. Suas propriedades regenerativas e cicatrizantes permitem a otimização dos resultados clínicos e a redução do tempo de recuperação do paciente. 1. Implantes Dentários A colocação de implantes dentários exige uma cicatrização adequada tanto dos tecidos moles quanto dos tecidos ósseos. O PRF pode ser utilizado durante a cirurgia de implante para promover a osteointegração e melhorar a cicatrização dos tecidos peri-implantares. Estudos mostram que o uso de PRF em conjunto com implantes dentários resulta em maior estabilidade inicial e uma melhor regeneração óssea ao redor do implante. Além disso, o PRF pode ser utilizado em cirurgias de enxerto ósseo concomitantes à colocação de implantes, melhorando a qualidade do enxerto e promovendo uma cicatrização mais rápida. A liberação prolongada de fatores de crescimento estimula a osteogênese e a angiogênese, contribuindo para uma melhor incorporação do implante no osso. 2. Enxertos Ósseos Os enxertos ósseos são frequentemente necessários para reconstruir defeitos ósseos em áreas onde há insuficiência de tecido ósseo para a colocação de implantes ou para a recuperação de áreas afetadas por doenças periodontais. O PRF pode ser misturado ao material de enxerto ósseo para melhorar a incorporação do enxerto e acelerar a formação óssea. Estudos demonstram que a combinação de PRF com enxertos ósseos autógenos, alógenos ou sintéticos pode aumentar a taxa de formação óssea, bem como a densidade do novo osso formado. A matriz de fibrina do PRF atua como um arcabouço para a deposição de novo tecido ósseo, enquanto os fatores de crescimento estimulam a proliferação celular e a diferenciação osteogênica. 3. Elevação do Seio Maxilar A elevação do seio maxilar é uma técnica comum em implantodontia para aumentar a altura óssea na maxila posterior. O PRF tem sido utilizado como um complemento valioso nesse procedimento, não apenas para melhorar a cicatrização óssea, mas também para reduzir o risco de complicações, como perfuração da membrana sinusal. O uso de PRF na elevação do seio maxilar tem demonstrado ser eficaz na promoção da regeneração óssea, acelerando o processo de cicatrização e permitindo a colocação mais precoce dos implantes. Além disso, a presença de leucócitos no PRF pode ajudar a prevenir infecções pós-operatórias, tornando o procedimento mais seguro e previsível. 4. Procedimentos Periodontais O PRF também tem sido amplamente utilizado em … Continued

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Conexões Externas vs Conexões internas dos Implantes Dentários

  ‌Diploma Universitário de Implantologia e Reabilitação Oral Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna Dr. Tiago Cancela ‌Hexágono Externo Hexágono Interno Cone Morse Tipos de Conexões             Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna   Hexágono Externo ‌. Diversidade de componentes e simplicidade no seu uso; . Maior resistência das paredes do implante     . Afrouxamento ou fratura do parafuso; . Altura limitada de 1,0 mm; . Cargas laterais transmitem força à plataforma do implante e parafuso; . Possibilidade de deformação do parafuso aquando a colocação do implante;   Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna Hexágono Interno     ‌. Boa estabilidade e efeito anti- rotacional, devido à área de contacto implante-pilar; . Boa distribuição de forças laterais e oclusais; . Maior longevidade, biomecânica e menor stress, visto a sua adaptação ser no interior do implante   . Paredes do implante mais finas ao redor da conexão promovem maior índice de fractura; . Maior dificuldade de correção de divergências de angulação durante a moldagem ou colocação dos implantes   Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna   Cone Morse ‌. Boa capacidade estética . Boa distribuição das forças mastigatórias permitindo a proteção do parafuso do implante; . Bom isolamento bacteriano e melhoria na microinfiltração; . Boa resistência à fadiga, devido ao contacto intimo entre implante e pilar . Microgap de dimensões reduzidas e boa capacidade de resistir a contaminação bacteriana . Colocação do implante a profundidade mínima de 3,0mm     . Dificuldade de uso, visto haver pouca prática clinica   Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna ‌Autores Ano Conclusão David et al 2008 As conexões internas têm maior resistência ao afrouxamento do parafuso Theoharidou et al 2008 As conexões internas e externas têm indice de aparafusamento idêntico Chun et al 2006 As forças de stress são melhor distribuidas nas conexões internas Hanson et al 2000 As forças de stress são melhor distribuidas nas conexões internas Jaworski 2012 AS conexões cone morse têm melhor selamento bacteriano em relação às conexões externas Quaresma et al 2008 As conexões cone morse distribuem melhor as forças biomecânicas Tripodi et al 2012 As conexões internas têm maior permabilidade a infiltração bacteriana do que os implantes cone morse Weng et al 2008 As conexões cone morse reduzem a perda de osso marginal e mantem a crista marginal Rack et al 2010 Todas a conexões têm microgap na interface imlante-pilar Mangano et al 2009 Resultado igual para cone morse e cone morse modificado Aloise et al 2010 Não há diferença significativa para a infiltração bacteriana entre cone morse e cone morse modificado Seetoh et al 2011 As conexões externas são mais resistentes Ribeiro et al 2011 As conexões externas são mais resistentes   Estudos – conexões Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna   ‌Estudos – Infiltração e Design Publicação Classificação do Estudo Tipo de Implante Resultado Norton MR. (1997) Avaliação da resistência à flexão Cone Morse e hexágono externo Superioridade do Cone Morse face à conexão hexágono externo, sendo 60% mais resistente Guindy et al., (1998) Avaliação da infiltração Staphylococus aureus Hexágono interno O sistema não mostra eficácia na vedação contra microorganismos pelo microgap marginal Norton MR. (2000) Avaliação da resistência aos momentos de flexão na interface implante-pilar Cone Morse A confiabilidade dos sistemas de conexão cónica foi confirmada, neste estudo os valores de coeficiência de variância são muito baixos. Sem relevância clínica Khraisat et al., (2002) Avaliação da resistência à fadiga Hexágono externo, interno e cone morse Cone Morse mostrou resistência superior à fadiga Coelho et al., (2008) Avaliação da capacidade de selamento na interface implante-pilar nos diferentes istemas de implantes Hexágono externo, interno e cone morse O selamento implante-pilar nao é mantido nos três sistemas estudados Rack et al., (2010) Avaliação da existência de microgap Cone Morse Presença de microgap entre 1 a 4 um na interface implante-pilar, microgap aumenta conforme a intensidade da carga Meleo et al., (2012) Avaliação a partir de microtomografia 3D da interface implante-pilar na fixação do pilar Hexágono interno cónico, Cone Morse e conexão cónica Não é visível a presença de microgap em todos os sistemas analisados Harder et al., (2012) Avaliação, sem carga, da microinfiltração do lipossacarídeo na interface implante-pilar e produção de citocinas pró inflamatórias Hexágono interno cónico A conexão estudada não impede a infiltração molecular. As alterações induzidas pelos lipossacarideos facilitam a detecção de infiltração nas interfaces Nascimento et al., (2012) Perda de pré carga e penetração bacteriana em diferentes sistemas de conexão implante- pilar Hexágono externo e Cone Morse Os resultados mostram que não existe relação entre existência de pré-carga e penetração bacteriana Silva-Neto et al., (2014) Microinfiltração bacteriana na interface implante-pilar em implantes Cone Morse Cone Morse Os autores concluiram que nos conjuntos de implantes avaliados nenhum apresentou infiltração bacteriana na interface implante-pilar Tsuge et al., (2007) Adaptação marginal e microgaps na interface implante-pular com configuração anti- rotacional interno Hexágono externo, interno e Cone Morse Os valores de microgap da interface implante-pilar examinadas neste estudo varioui de 2,3 a 5,6 um Silva-Neto et al., (2012) Micro-escapamento na interface implante- pilar com diferentes torques de aperto Hexágono externo O estudo mostrou que o torque de aperto não influência estatisticamente a microinfiltração implante-pilar. No entanto o grupo que foi apertado a 32 Ncm de torque não mostrou qualquer contaminação Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna ‌Obrigado pela atenção   Comparação de reabilitação em implantes de conexão externa e interna    

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Tratamentos Ortodônticos – Aplicações e Evidências Científicas

Tratamentos Ortodônticos – Aplicações e Evidências Científicas Introdução A ortodontia é uma especialidade da Medicina Dentária focada no diagnóstico, prevenção e tratamento das irregularidades dentárias e faciais. O avanço tecnológico tem proporcionado uma variedade de tratamentos ortodônticos, cada um com suas próprias indicações, vantagens e limitações. Este artigo revisa os principais tratamentos ortodônticos disponíveis no mercado, abordando suas aplicações e evidências científicas que sustentam sua eficácia. 1. Aparelhos Ortodônticos Fixos Os aparelhos ortodônticos fixos são o tratamento mais comum e tradicional utilizado na ortodontia. Eles consistem em bráquetes colados na superfície dos dentes, conectados por um arco metálico que aplica força sobre os dentes, promovendo seu movimento gradual. 1.1 Indicações São indicados para a maioria das maloclusões, incluindo sobremordidas, mordidas cruzadas, apinhamento dentário e espaçamento excessivo. 1.2 Vantagens Controle preciso sobre o movimento dos dentes. Eficazes em casos complexos de maloclusão. 1.3 Limitações Estética comprometida devido à visibilidade do aparelho. Necessidade de manutenção rigorosa da higiene bucal. 1.4 Evidências Científicas Estudos demonstram que os aparelhos fixos são altamente eficazes na correção de várias maloclusões, com taxas de sucesso superiores a 90% em tratamentos de longo prazo (Proffit et al., 2018). 2. Aparelhos Ortodônticos Autoligados Os aparelhos autoligados são uma evolução dos aparelhos fixos tradicionais, com bráquetes que não necessitam de ligaduras elásticas para prender o arco ortodôntico. Estes aparelhos podem ser ativos ou passivos, dependendo do tipo de bráquete utilizado. 2.1 Indicações São indicados para as mesmas maloclusões que os aparelhos fixos tradicionais, com a vantagem de menor atrito entre o bráquete e o arco, facilitando movimentos dentários. 2.2 Vantagens Redução do tempo de tratamento em comparação com os aparelhos fixos convencionais. Maior conforto para o paciente. 2.3 Limitações Custo mais elevado em comparação aos aparelhos convencionais. Resultados estéticos similares aos aparelhos fixos tradicionais. 2.4 Evidências Científicas Pesquisas indicam que os aparelhos autoligados podem reduzir o tempo de tratamento em até 4 meses (Ehsani et al., 2015). No entanto, as evidências sobre a superioridade em comparação aos aparelhos convencionais ainda são inconclusivas. 3. Alinhadores Transparentes Os alinhadores transparentes, como o Invisalign, representam uma opção estética para a correção ortodôntica. Estes dispositivos removíveis são feitos de plástico transparente, moldados sob medida para o paciente. 3.1 Indicações Recomendados para casos leves a moderados de maloclusão, incluindo desalinhamento, espaçamento e algumas mordidas cruzadas. 3.2 Vantagens Estética superior, quase invisível. Facilidade de remoção para alimentação e higiene bucal. 3.3 Limitações Menor eficácia em casos complexos. Requer disciplina por parte do paciente para uso constante. 3.4 Evidências Científicas Estudos comparativos mostram que, em casos adequados, os alinhadores transparentes podem ser tão eficazes quanto os aparelhos fixos, com altos índices de satisfação dos pacientes (Kravitz et al., 2008). Entretanto, a eficácia depende da complexidade do caso e da adesão do paciente ao uso contínuo dos alinhadores. 4. Aparelhos Expansores Palatinos Os expansores palatinos são utilizados para alargar o arco dentário superior em pacientes com mordida cruzada ou palato estreito. O aparelho consiste em um dispositivo fixo que aplica pressão gradual sobre o palato, promovendo a expansão óssea. 4.1 Indicações Indicados principalmente para crianças e adolescentes em crescimento, com o objetivo de corrigir mordidas cruzadas e melhorar o alinhamento dos dentes. 4.2 Vantagens Pode evitar a necessidade de extrações dentárias em casos de apinhamento. Eficaz na correção da mordida cruzada posterior. 4.3 Limitações Desconforto durante o processo de expansão. Eficácia reduzida em pacientes adultos. 4.4 Evidências Científicas A literatura sugere que a expansão rápida da maxila é eficaz na correção de mordidas cruzadas em pacientes jovens, com taxas de sucesso acima de 80% (Da Silva Filho et al., 2007). Em adultos, a expansão pode exigir procedimentos cirúrgicos auxiliares para alcançar resultados satisfatórios. 5. Cirurgia Ortognática A cirurgia ortognática é indicada para correção de discrepâncias esqueléticas graves que não podem ser tratadas apenas com aparelhos ortodônticos. Este procedimento envolve o reposicionamento cirúrgico dos maxilares para melhorar a função mastigatória e a estética facial. 5.1 Indicações Indicada em casos de discrepâncias severas, como prognatismo mandibular, retrognatismo maxilar, mordida aberta esquelética e assimetrias faciais. 5.2 Vantagens Correção de problemas esqueléticos severos. Resultados estéticos significativos. 5.3 Limitações Procedimento invasivo com riscos associados à cirurgia. Período de recuperação prolongado. 5.4 Evidências Científicas Estudos mostram que a cirurgia ortognática, combinada com o tratamento ortodôntico, resulta em uma melhoria significativa tanto na função quanto na estética facial, com alta taxa de satisfação dos pacientes (Posnick et al., 2014). 6. Mini-implantes Ortodônticos Os mini-implantes ortodônticos, também conhecidos como dispositivos de ancoragem temporária (TADs), são pequenas estruturas de titânio inseridas no osso alveolar para fornecer ancoragem adicional durante o tratamento ortodôntico. 6.1 Indicações Indicados para casos onde há necessidade de movimentação dentária difícil, como retração de caninos ou fechamento de espaços. 6.2 Vantagens Permitem movimentos dentários complexos sem necessidade de ancoragem extraoral. Redução do tempo de tratamento. 6.3 Limitações Risco de falha do implante, embora baixo. Necessidade de procedimento cirúrgico para inserção e remoção. 6.4 Evidências Científicas A literatura aponta para uma alta eficácia dos mini-implantes em fornecer ancoragem estável, com taxas de sucesso acima de 85% (Papadopoulos et al., 2008). Eles são particularmente úteis em tratamentos complexos que envolvem movimentos dentários amplos. 7. Aparelhos Ortodônticos Estéticos Os aparelhos estéticos incluem bráquetes feitos de materiais menos visíveis, como porcelana ou safira, que imitam a cor natural dos dentes. São uma alternativa aos aparelhos metálicos tradicionais para pacientes que buscam uma solução mais discreta. 7.1 Indicações Indicados para pacientes que necessitam de tratamento ortodôntico fixo, mas que priorizam a estética durante o processo. 7.2 Vantagens Menos perceptíveis que os aparelhos metálicos tradicionais. Oferecem os mesmos benefícios de correção que os aparelhos fixos. 7.3 Limitações Maior custo em comparação aos aparelhos metálicos. Material mais frágil, podendo quebrar com maior facilidade. 7.4 Evidências Científicas Pesquisas mostram que os aparelhos estéticos são igualmente eficazes na correção de maloclusões, mas podem exigir cuidados adicionais devido à fragilidade dos materiais utilizados (Wong, 2017). 8. Expansores Rápidos da Maxila Assistidos por Laser O uso de laser para auxiliar na expansão rápida da maxila é uma técnica relativamente nova, onde o laser de … Continued

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