REABILITAÇÃO TOTAL MAXILAR COM SISTEMA LOCATOR – CASO CLÍNICO

 

 

DIPLOMA UNIVERSITÁRIO DE IMPLANTOLOGIA E REABILITAÇÃO ORAL

REABILITAÇÃO TOTAL MAXILAR COM SISTEMA LOCATOR – CASO CLÍNICO

NOME: Dra. Eduarda Cristina Abreu da Silva

ORIENTADOR: Dr. Eduardo Fernandez Victorino

DATA: 22/04/2018

INTRODUÇÃO

  • A apresentação deste caso clínico, que foi elaborado durante e, para cumprimento dos requisitos, do Diploma Universitário de Implantologia e Reabilitação Oral, pretende complementar a dissertação apresentada;

  • Foram realizados todos os passos aprendidos e descritos na literatura, tornando-se esta

    apresentação um resumo dos conhecimentos apreendidos;

  • Este tema e o caso foram escolhidos pela análise feita tendo em conta os seguintes aspetos:

    • Grau de dificuldade;

    • Aperfeiçoamento das diferentes técnicas incorporadas;

    • Número de pacientes, nomeadamente idosos, portadores de PTR;

    • Limitações desses mesmos pacientes à realização de outro tipo de tratamentos (custo, saúde oral);

       

      DEFINIÇÃO OVERDENTURE OU SOBREDENTADURA

      • Prótese total removível (muco suportada) que se apoia, neste caso, sobre implantes osteointegrados (implanto retida);

      • Prótese esquelética ou totalmente em acrílico:

      • Prótese que faz um recobrimento total dos implantes mas também dos tecidos moles suportados subjacentemente pelo rebordo ósseo

        CASO CLÍNICO

        ANAMNESE:

        GERAL:

    • J.J.R, Sexo Masculino; 69 anos (04/03/1949);

    • 81KG; faz dieta Mediterrânica e dá pelo menos 8000 passos/dia;

    • Tipo Sangue: A+;

    • Situação Familiar: Independente AVD`S, Casado, Pai de 2 filhos;

    • Profissão: Reformado da Função Pública;

    • Última consulta com o médico dentista em novembro de 2017;

    • Queixa principal: “sinto-me bem mas incomoda-me ter que ir a um hospital e como tenho uma prótese superior completamente removível ter que a tirar…vejo as próteses dos velhotes nos copos de água e isso impressiona-me. Para mim isso é uma invasão de privacidade..e depois magoam e ficam largas. “

    • Expectativas/pretensão: “quero dentes naturais, iguais aos que tenho mas que a prótese fique fixada com os implantes”.

      CASO CLÍNICO

  • Paciente saudável, não apresenta qualquer tipo de problema de saúde quer ao nível cardíaco/ pulmonar/renal/hepático/gástrico/neuromuscular/esquelético/endócrino/cutâneo nem de outra qualquer ordem;

  • Nunca foi submetido a nenhum tratamento ou cirurgia que não fosse dentária;

  • Faz análises sanguíneas anualmente para controlo e refere estar tudo com valores normais;

  • Refere estar a tomar atorvastatina (estatina para regulação da concentração dos lípidos) 1 comprimido por dia 20 mg diz ser apenas como prevenção pois o valor do colesterol não ultrapassa os 170 mg/dl;

  • Encontra-se a realizar avaliações de T.A 2x semana por apresentar valores de 140/90 mmHg;

  • Não apresenta alergias a nenhuma substância, composto ou medicamento;

  • Hábitos: 2 cafés por dia, refere não ter hábitos etílicos ou tabágicos;

  • Hábitos higiene: 1 x dia de manhã (retira as próteses – dorme com elas- coloca-as em água com pastilhas de higienização, posteriormente lava-as com escova própria e pasta; bochecha a boca com colutório e volta a colocar as próteses);

  • Manutenção: consultas de 6/6 meses para fazer revisões de limpeza e ajustes das próteses;

    ANAMNESE:

    CASO CLÍNICO

    EXAME EXTRA ORAL E INTRA ORAL:

    • Apresenta-se bem disposto, face rosada, fonação percetível, deambula de forma compassada e equilibrada, sorriso no rosto e faz enquadramento do olhar enquanto dialoga com discurso coerente;

    • Tónus labial presente e musculatura facial e da mastigação ativas;

    • Sem alterações de cor, forma, textura, volume, tamanho, consistência;

    • Sem adenopatias ganglionares palpáveis e com glândulas salivares funcionantes;

    • Ausência de ruídos, dor ou alteração no movimento da ATM;

    • Prótese Total Acrílica Removível Superior – muco suportada (2013*);

    • Prótese Overdenture Inferior – implanto retida por 4 attachments (kerator) 4.3, 4.1, 3.2 e 3.4 (2017*);

    • Oclusão Balanceada, ligeiro desgaste dentes acrílico e ligeiro desvio LM inferior;

    • Rebordos ósseos regulares e biotipo gengival grosso.

PRÉ OPERATÓRIO: FOTOGRAFIAS EXTRA ORAIS

 

 

 

PRÉ OPERATÓRIO:FOTOGRAFIAS INTRA ORAIS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PRÉ OPERATÓRIO:PLANEAMENTO CIRÚRGICO

  • Moldagem inicial superior e inferior (de arrasto) em alginato ;

  • Moldeira individual e moldagem funcional;

  • Arco facial e montagem em articulador com registo de mordida;

  • Duplicação PTR superior e confeção de guia radiológica/guia

    cirúrgica;

     

  • Programação Cirúrgica:

    • Ortopantomografia; TC e Análises Sanguíneas;

    • Prescrição Medicamentosa;

    • Entrega de listagem dos cuidados a ter e instruções higiene;

PRÉ OPERATÓRIO:PLANEAMENTO CIRÚRGICO COM PROGRAMA BLUESKY BIO

 

 

PRÉ OPERATÓRIO:PLANEAMENTO CIRÚRGICO

 

 

 

 

 

 

PRÉ OPERATÓRIO:PLANEAMENTO CIRÚRGICO

 

 

OSSO: Tipo D3 zona mais anterior Tipo D4 zona mais posterior

DISTÂNCIA ENTRE IMPLANTES: 3mm

INCLINAÇÃO BROCAS/FRESAS: Paralela á

tábua vestibular sendo que os mais anteriores deverão ser mais palatinizados

INCISÃO: Retilínea supra crestal, mucoperiostal de espessura total + 2 incisões marginais em V distais do 1ºM

DESCOLAMENTO: Total com exposição da crista alveolar e visibilidade da zona vestibular e zona bordeante palatina

PRÉ OPERATÓRIO:PLANEAMENTO CIRÚRGICO

PROTOCOLO CIRÚRGICO

1º COLOCAÇÃO DA GUIA CIRÚRGICA PARA VERIFICAR SE O ASSENTAMENTO É CORRETO;

2º BOCHECHO E DESINFEÇÃO INTRA E EXTRA ORAL;

3º ANESTESIA: TÓPICA E INFILTRATIVA: ALVEOLAR SUPERIOR E MÉDIO (1º E 2º Q) + INFRAORBITÁRIA (1º E 2º Q) + INFILTRATIVAS NO REBORDO + NASOPALATINO + PALATINO MAIOR (SE NECESSÁRIO);

4º INCISÃO DE CRISTA, DE DISTAL PARA MESIAL DO 1º Q + 2 DESCARGAS EM DISTAL EM FORMA DE V (DIVERGENTES);

5º DESCOLAMENTO MINIMO PARA VISUALIZAÇÃO DO REBORDO + COLOCAÇÃO DA GUIA E MARCAÇÃO DOS PONTOS COM A BROCA LANÇA (APÓS O DESCOLAMENTO A GUIA PODE NÃO FICAR BEM CENTRADA, SE FOR O CASO CORRIGIR AS MARCAÇÕES PARA PALATINO);

6º DESCOLAMENTO (MÍNIMO NECESSÁRIO PARA VISUALIZAÇÃO E TRABALHO COM SEGURANÇA) DO PERIÓSTEO SEM O DILACERAR;

2MM  COM  A  BROCA  LANÇA EM TODAS AS MARCAÇÕES, RADIOGRAFAR E CONFIRMAR PARALELISMO

8º APÓS ATINGIMENTO DO COMPRIMENTO TOTAL DE CADA IMPLANTE COM A BROCA LANÇA, AVALIAR POIS, PROVAVELMENTE VAI SER NECESSÁRIO SUB INSTRUMENTAR – SE FOR O CASO IR COM A BROCA 3,3 ENTRE 500/800 RPM;

9º COLOCAR PARALELÓMETROS E IR COLOCANDO OS IMPLANTES, SE POSSÍVEL 2MM INFRA ÓSSEOS (MENOS O 1.6 E O 2.6), COM 35/40 RPM MÁXIMO, INICIAR A 20RPM. USAR A CHAVE DO TORQUÍMETRO MANUAL 3,8 (INFRA);

1.6

1.4

1.2

2.2

2.4

2.6

3,8X10

3,8X11,5

3,8X10

3,8X10

3,8X11,5

3,8X10

10º MEDIR  O  ÍNDICE  ISQ DE CADA IMPLANTE E COLOCAR O PARAFUSO TAMPÃO OU DE CICATRIZAÇÃO (A CIMA DE 65);

11º PONTOS DE ESTABILIZAÇÃO NAS DESCARGAS E O RESTO SUTURA CONTÍNUA SEM TENSÃO.

12º REBASE COM ACONDICIONADOR DE TECIDOS SE MAROAR E AJUSTE DA PRÓTESE COM ALÍVIO EM ZONAS DE PRESSÃO

13º RECOMENDAÇÕES PÓS CIRURGICAS + MARCAÇÃO PARA OBS E PONTOS

INTRA OPERATÓRIO:PROTOCOLO CIRÚRGICO SEQUÊNCIA DE BROCAS E IMPLANTES ESCOLHIDOS

 

 

 

INTRA OPERATÓRIO: DESINFEÇÃO, ANESTESIA, GUIA DE PERFURAÇÃO, INCISÃO, DESCOLAMENTO E SEQUÊNCIA DE FRESAGEM

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRA OPERATÓRIO: VERIFICAÇÃO PARALELISMO, INSTALAÇÃO IMPLANTES, ISQ, SUTURA E ADAPTAÇÃO PRÓTESE PROVISÓRIA

 

 

 

 

 

 

 

MÉDIA V-P

MÉDIA M-D

INTRA OPERATÓRIO:PROTOCOLO CIRÚRGICO

SEQUÊNCIA DE FRESAGEM E COLOCAÇÃO IMPLANTES

 

 

 

 

 

 

 

 

PÓS OPERATÓRIO:REMOÇÃO SUTURA,READAPTAÇÃO PTR, CICATRIZADORES, MOLDE FUNCIONAL INDIVIDUAL, CERA MORDIDA, PROVA ESTÉTICA/FONÉTICA E FUNCIONAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PÓS OPERATÓRIO:ISQ, COLOCAÇÃO KERATOR, CAPTAÇÃO COM A PRÓTESE EM BOCA, AVALIAÇÃO DA INSERÇÃO E DESINSERÇÃO, AJUSTES E POLIMENTO, AVALIAÇÃO DA OCLUSÃO, ESTÉTICA/FONÉTICA E FUNCIONAL,

 

MÉDIA V-P

MÉDIA M-D

 

 

 

 

OVERDENTURE

  • ESTÉTICA

    VANTAGENS

    DESVANTAGENS

  • MANUTENÇÃO FREQUENTE

  • CONTROLO DA POSIÇÃO

    DENTÁRIA/AMEIAS

  • RESILIÊNCIA (DISTRIBUIÇÃO FORÇAS)

  • BOA OPÇÃO (N) AO USO ENXERTOS

  • IMPLANTO RETIDA

  • MANUTENÇÃO MAIS SIMPLES/ CONTROLO DA HIGIENE ORAL

  • PERFORMANCE MASTIGATÓRIA

  • CUSTO

  • DESGASTE TEFLONS/BORRACHAS

  • ACOMPANHAMENTO

  • EXTENSÃO PROTÉTICA (ABAS)

  • REMOVÍVEL

  • MUCO SUPORTADA

  • ESTÉTICA

    DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

    • Importância vital um conhecimento anatómico bem como, uma anamnese e exame físico exaustivos;

    • O planeamento é uma etapa fundamental e altamente minuciosa pois determina todo o sucesso/insucesso do futuro

      tratamento;

    • Para a realização de cirurgia de implantes o TC e as análises clínicas são indispensáveis;

    • A Overdenture com sistema attachment do tipo Kerator sendo mais resiliente, permite melhor distribuição das forças/cargas, podendo contudo provocar algum mau estar, inicialmente, ao paciente pelo fato de permitir ligeira mobilidade da prótese – movimentos verticais e laterais;

    • Para um paciente portador de PTR existe um ganho funcional (fonação, mastigação, manutenção integridade de

      tecidos moles e ósseos), estética (compensações), mas sobretudo psíquico e de vida social;

    • É um sistema com um custo acessível e um tempo curto de tratamento;

    • É um sistema de fácil higienização e de grande controlo por parte do paciente, carecendo ao mesmo tempo da sua colaboração;

    • Necessita de uma vigilância e manutenções constantes (6 a 9 meses);

    • Este caso clínico pode ser considerado um sucesso uma vez que cumpriu todos os requisitos, onde se incluí a total

      satisfação do paciente.

      BIBLIOGRAFIA

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